meio asas do desejo, meio angelus novus e a nona tese sobre o conceito da história, meio parábola de kafka: "- Ora, ora, meu caro! o senhor! aqui! em um local mal afamado - um homem que sorve essências, que se alimenta de ambrosia! de causar assombro, em verdade. - meu caro, sabe do medo que me causam cavalos e veículos. há pouco estava eu atravessando o bulevar com grande pressa, e eis que, ao saltar sobre a lama, em meio a este caos em movimento, onde a morte chega a galope de todos os lados ao mesmo tempo, minha auréola, em um movimento brusco, desliza de minha cabeça e cai no lodo do asfalto. não tive coragem de apanhá-la. julguei menos desagradável perder minhas insígnias do que me deixar quebrar os ossos. e agora, então, disse a mim mesmo, o infortúnio sempre serve para alguma coisa. posso agora passear incógnito, cometer baixezas e entregar-me às infâmias como um simples mortal. eles [eis-me], pois, aqui, idêntico ao senhor, como vê! - o senhor deveria ao menos registrar a perda desta auréola e pedir ao comissário que a recupere. - por deus! não! sinto-me bem aqui. apenas o senhor me reconheceu. de resto, entedia-me a dignidade. além disso apraz-me o pensamento que um mau poeta qualquer a apanhará e se enfeitará com ela, sem nenhum pudor. fazer alguém ditoso - que felicidade! sobretudo alguém que me fará rir! imagine x ou y! não, isto será burlesco!" (perda da auréola, de charles baudelaire in charles baudelaire - um lírico no auge do capitalismo, walter benjamin)
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