infância perdida
(viciocronico.blogspot.com 18/06/08)
Foi há algumas semanas. Estava dando uma olhada na vitrine de uma lotérica que mostrava vários tipos de jogos para o sujeito fazer a sua fezinha. Reparei que um tipo deles trazia fotos de crianças desaparecidas. Uma daquelas campanhas filantrópicas que, no mínimo, deve ter garantido aos donos da marca do jogo algum tipo de isenção fiscal ou algum benefício de imposto. Um pouco schopenhaueriana essa minha reflexão: achar que qualquer atitude que pareça altruísta no fundo garanta alguma vantagenzinha a quem a pratica. Mas, não quero entrar na questão Pessimismo vs. Otimismo, até porque os aristotélicos concluirão o meio ponto: Realismo: Sejamos realistas! Conversa fiada... Estava falando sobre as crianças desaparecidas. Comecei a olhar aqueles meninos e meninas, a maioria não passava dos dez anos, alguns conservavam um sorriso (bem fotográfico), outros miravam longe no horizonte (talvez imaginando algum futuro, provavelmente não sabiam que isso lhes era proibido), outros só pelo semblante deixavam transparecer que eram bons filhos... pobres mães.
Foi há algumas semanas. Estava dando uma olhada na vitrine de uma lotérica que mostrava vários tipos de jogos para o sujeito fazer a sua fezinha. Reparei que um tipo deles trazia fotos de crianças desaparecidas. Uma daquelas campanhas filantrópicas que, no mínimo, deve ter garantido aos donos da marca do jogo algum tipo de isenção fiscal ou algum benefício de imposto. Um pouco schopenhaueriana essa minha reflexão: achar que qualquer atitude que pareça altruísta no fundo garanta alguma vantagenzinha a quem a pratica. Mas, não quero entrar na questão Pessimismo vs. Otimismo, até porque os aristotélicos concluirão o meio ponto: Realismo: Sejamos realistas! Conversa fiada... Estava falando sobre as crianças desaparecidas. Comecei a olhar aqueles meninos e meninas, a maioria não passava dos dez anos, alguns conservavam um sorriso (bem fotográfico), outros miravam longe no horizonte (talvez imaginando algum futuro, provavelmente não sabiam que isso lhes era proibido), outros só pelo semblante deixavam transparecer que eram bons filhos... pobres mães.
Um dia, eu, minha irmã e meus pais
estávamos em uma loja de materias de construção (daquelas bem grandes),
estávamos na parte de “portas”, existiam dezenas delas, e estavam expostas
formando um labirinto. Resultado: eu e minha irmã nos perdemos, éramos bem
pequenos, eu não passava dos oito acho, elas dos seis... Lembro que a gente se
abraçou e olhando todas aquelas portas que nos cercavam (a metáfora da
“escolha” nos era apresentada cedo) fomos paralisados pelo medo. Ficamos ali.
Abraçados. O olhar perdido nas portas, rezando para que uma delas se abrisse e
trouxessem nossos pais de volta. Graças a Deus, a oração deu certo. Não sei
direito quanto tempo durou, talvez uns dez minutos, mas a sensação angustiante
marcou. Imagino esses meninos das fotos, o que eles devem ter sentido quando se
viram sozinhos, e, seu real sofrimento, confirmado, dia após dia, sem nunca
voltarem pra casa. Fiquei olhando algum tempo aquelas fotos e me perdi nos
olhares de algumas crianças. Não ia voltar a Arthur Schopenhauer, mas viu como
é impossível não ser pessimista?
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